Reflexão # O que se passa com a amizade?*

No outro dia, falava disto com uma grande amiga minha, fazendo-lhe as mesmas perguntas ,que por vezes faço a mim própria e comecei a perceber que não é só comigo, que isto se passa. 

Desde a infância, que estamos habituados a estar diariamente com os nossos amigos, na adolescência, tornam-se o nosso grupo de todas as aventuras e saídas, parte da nossa identidade, na faculdade, fazem parte dos nossos infindáveis trabalhos de grupo, dos grupos de estudo para exames, dos passeios e das férias. Depois da faculdade, acreditem... tudo muda. 

Sempre fui daquelas que fazia quilómetros a fio, para estar com os amigos, principalmente quando voltei para o Algarve e muitos deles ficaram pela capital, sempre fiz as maiores acrobacias possíveis, para conseguir arranjar tempo para estar com eles, por mais complicado que fosse. Mesmo fazendo 300 quilómetros, existiam alguns que não faziam um sequer, para que nos conseguíssemos encontrar, nem abdicavam de uma hora que fosse, o que me deixou várias vezes a pensar, se valia a pena investir em pessoas destas. Deixei de acreditar que sim.

Os horários de trabalho difíceis, as distâncias, os compromissos já marcados, a incapacidade de organização ou o simples "ah não tenho tempo", são algumas das razões principais que ditam o afastamento. 

Hoje, deixei de fazer grandes sacríficios por quem não os faz por mim e esta é a crua realidade. A falta de tempo que dedicamos aos amigos é algo que me choca, não consigo sequer perceber, que os supostos amigos nunca consigam arranjar tempo e tenham sempre uma desculpa para isso. Sou apologista de que "quando se quer arranjar tempo, consegue-se", por mais escasso que seja. Para mim, as redes sociais não substituem o contacto físico, as gargalhadas em conjunto, o partilhar emoções, ver reacções, conhecer locais ou mesmo partilhar as nossas preocupações. Nada é mais genuíno (e terapêutico) do que uma saída com os amigos e nada pode substitui-lo. 

Hoje sei que uma amizade sem tempo real, físico, é uma amizade condenada. Hoje sei que uma amizade para ser mantida, tem de ser trabalhada dos dois lados, sei que dá trabalho e que muitos não estão dispostos a isso. Eu estou disposta e estarei sempre pelos meus amigos, os verdadeiros, os que arranjam minutos, horas, dias, o que conseguirem, mas nos dão algo deles, o que realmente importa, o seu tempo e essa é a maior prova de amizade possível.

Aqui fica um anúncio que vale a pena ser visto.

Uma verdadeira chamada de atenção.

Afinal de contas... O que se passa com a amizade?